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mercoledì 27 aprile 2011

Santíssima Páscoa e beata TV. Entrevista com Gianni Vattimo

Santíssima Páscoa e beata TV. Entrevista com Gianni Vattimo

Istituto Humanitas Unisinos

Do ecumenismo um pouco reacionário do Papa Wojtyla ao pós-modernismo de Joseph Ratzinger, o Papa teólogo que aparece ao vivo no canal italiano Rai Uno e que fala com os astronautas em órbita na astronave Shuttle. Conversamos a respeito com Gianni Vattimo, antes da transmissão do programa com Bento XVI.

A reportagem é de Iaia Vantaggiato, publicada no jornal Il Manifesto, 22-04-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Filósofo e político italiano, Vattimo é conhecido como o mentor da filosofia do "pensamento fraco". Escreveu inúmeras obras, das quais destacamos Acreditar em acreditar (Lisboa: Relógio D’Água, 1998) e Depois da cristandade. Por um cristianismo não religioso (São Paulo: Record, 2004).

Eis a entrevista.

Está pronto para a transmissão ao vivo? O Papa vai ao ar às 14h10, mas não sabemos se antes ou depois das propagandas.

Ao vivo até certo ponto. Porém, eu estou prevenido, porque não arrisco a levar a sério esse Papa. Ou melhor, dizendo a verdade, o levo muito a sério. Não gosto do modo que ele tem para gerir a sua "papalidade", a sua "papagem". Além disso, não sei nem se conseguiria opor-lhe um outro.

João XXIII, essa é fácil.

Certo. Se penso a respeito, o único que me agradava verdadeiramente era justamente João XXIII.

Wojtyla não?

Humanamente simpático, mas também um grande reacionário. Desmontou o Concílio Vaticano II e destruiu a teologia da libertação. E Ratzinger sempre foi a sua alma obscura.

E a alma obscura hoje aporta na TV. Nem um pouco de emoção ou pelo menos de estupor?

Poderia estar contente se o Papa respondesse às perguntas dos fiéis diretamente. Mas isso não acontece e, então, que não se finja. É como quando ele queria ir à Universidade de Roma para falar com os acadêmicos. Uma pena que ele chegava em liteira e não permitia que ninguém falasse. Dizia as suas coisas, isso sim, coisas também razoáveis, mas não "discutíveis". Era a mesma coisa que dizê-las no Vaticano, sem se incomodar indo até a universidade.

A questão é que hoje o pontífice não vai à universidade, mas à televisão. É diferente, não?

Certamente. Aqui há o espetáculo, a utilização de tecnologias e também o fato de que, em maio, ele irá falar com os astronautas. Mas há algum outro chefe de religião, sei lá, algum pároco que faça isso?

Digamos assim: há um Papa teólogo que abre à ciências as cancelas do Vaticano e se põe em contato com a Shuttle.

Eu acredito que o que mais chama a atenção não é que o Papa fale com os astronautas, senão, sempre é possível evocar Khrushchev quando dizia que Gagarin havia ido ao céu, não havia encontrado deus e, portanto, deus não existia.

Khrushchev à parte, já vimos muitas vezes pontífices na televisão, mas um Papa que vai até "ao vivo" chama um pouco mais a atenção.

Certamente chama a atenção, porque o uso desses instrumentos implica em uma aceitação do sistema de poder que está por trás da ciência e da tecnologia. Jamais imaginaria Jesus Cristo assim, "ao vivo" na Rai Uno.

No fundo, se poderia ler isso como uma missão evangélica.

Não definiria como evangélica a missão de quem vai por aí convertendo as pessoas. Preferiria deixar cada um na sua fé. Mas depois utilizar até os instrumentos que os poderosos da terra usam... A meu ver, isso não cabe nem ao Dalai Lama. Muitos pontífices viajaram nas últimas décadas e o fizeram sempre com espírito "missionário". Aquele mesmo espírito missionário que guiava as obras dos Conquistadores.

Enfim, o senhor aboliria as "missões" ao exterior e, nesse caso específico, também ao espaço.

Os pontífices não viajam a pé, viajam com a Alitalia. E por que não a pé? Por quê? O Papa quem é? É um soberano terreno. É um poderoso. Como faria para falar com os astronautas, por outro lado, se fosse um pobre evangélico?

Uma semana de paixão. Também para os palimpsestos televisivos.

Sim, e na Itália tudo acaba se tornando um pouco entediante. Até a Semana Santa que, nos telejornais, é dada como segundo ou até primeira notícia. Mas quem pode acreditar em uma religião tão envolvida nos sistemas de poder?

O senhor pensa em uma transmissão blindada?

A transmissão é blindada, e o Papa está embedded [embutido].

Como Berlusconi quando vai de Vespa? Comparação pesada e blasfema.

Se Ratzinger usa os mesmos meios de Berlusconi, ele é atingido pela mesma suspeita de mentira.

Os meios podem ser os mesmos, mas os fins não.

Desde quando as pessoas participam pouco das greves? Desde quando elas são anunciadas pela televisão. Se a televisão o diz, já basta. Faz parte da ritualidade social.

Mas também uma modalidade de participação diferente.

Até que ponto pode se falar de religião senão tu-a-tu ou em pequenas comunidades?

Chegamos ao Papa na época de sua reprodutibilidade técnica?

O Papa na época da sua reprodutibilidade técnica e a Igreja na época da comunicação generalizada ainda têm sentido. McLuhan havia dito que o meio é a mensagem, o meio condiciona muito profundamente a mensagem. O Papa que dá a benção urbi et orbi, a missa na televisão no domingo não tem o mesmo valor de cumprir um preceito. Certamente, a benção é um espetáculo, mas não posso me sentir abençoado pelo Papa porque falta algum sentido de proximidade.

Ama o teu "próximo"?

Amar o próximo é amar o próximo. Se depois tu amas todos, praticamente não amas ninguém.

O sofrimento será o tema da transmissão.

Quando o Papa fala do sofrimento como valor, é como se falasse das indulgências, aquelas que os Papas do Renascimento colocavam à venda. O sofrimento jamais foi um mérito para ninguém, no máximo é uma prova moral. E esse discurso sobre o sofrimento também é uma pretensão de autoridade. Porque nós não dispomos desse patrimônio de méritos sobrenaturais – o sofrimento, justamente. É o Papa que dele dispõe.

venerdì 22 aprile 2011

Santissima Pasqua e benedetta tv

Santissima Pasqua e benedetta tv
Il Manifesto, 14 aprile 2011. Di Iaia Vantaggiato

Per la prima volta nella storia della Chiesa e del piccolo schermo, il papa risponderà ai fedeli in un programma televisivo. Un’inedita strategia comunicativa ma anche di potere. Gianni Vattimo: «È un potente come gli altri. Io Gesù Cristo in tv non me lo immaginerei mai. Ma il papa è un sovrano, non un missionario» Il pontefice postmoderno abbandona la teologia e sfonda gli schermi. In attesa di approdare nello spazio

Dall’ecumenismo un po’ reazionario di papa Wojtyla al postmodernismo di Joseph Ratzinger, il papa teologo che va in diretta su Rai Uno e parla con gli astronauti in orbita sullo Shuttle. Ne parliamo con Gianni Vattimo.
E’ pronto per la diretta? Il papa va in onda alle 14,10 ma non sappiamo se prima o dopo lo stacco pubblicitario.
Diretta sino a un certo punto. E comunque io sono prevenuto perché non riesco a prendere sul serio questo papa. Anzi, a dir la verità, lo prendo troppo sul serio. Non mi piace il modo che ha di gestire la sua «papalità», il suo «papaggio». Del resto non so nemmeno se riuscirei a opporgliene un altro.
Giovanni XXIII, questa è facile.
Certo, se ci penso l’unico che mi piaceva davvero era proprio Giovanni XXIII.
Wojtyla no?
Umanamente simpatico ma anche un grande reazionario. Ha smontato il Concilio Vaticano II e distrutto la teologia della Liberazione. E Ratzinger è sempre stato la sua anima nera.
E l’anima nera oggi approda in tv. Neanche un po’ di emozione o almeno di stupore?
Potrei essere contento se il papa rispondesse alle domeande dei fedeli direttamente. Ma questo non succede e allora non faccia finta. E’ come quando voleva andare all’università di Roma a parlare con gli accademici. Peccato che arrivava in sedia gestatoria e non permetteva a nessuno di parlare. Diceva le sue cose, questo sì, cose anche ragionevoli ma non «discutibili». Tanto valeva dirle in Vaticano senza scomodarsi andando all’università.
Il punto è che oggi il pontefice non va all’università ma in televisione. E’ diverso, no?
Certo, qui c’è lo spettacolo, il dispiego di tecnologie e pure il fatto che a maggio parlerà con gli astronauti. Ma c’è qualche altro capo di religione, che so, qualche parroco che fa questo?
Mettiamola così. C’è un papa teologo che apre alla scienza i cancelli del Vaticano e si mette in contatto con lo Shuttle.
Io credo che quello che colpisce di più non è che il papa parli con gli astronauti se no si può sempre evocare Krusciov quando diceva che Gagarin era andato in cielo, non aveva trovato dio e dunque dio non esisteva.
Krusciov a parte, pontefici in televisione ne abbiamo visti spesso ma un papa che va addirittura «in onda» colpisce un po’.
Certo che colpisce perché l’uso di questi strumenti implica un’accettazione del sistema di potere che sta dietro alla scienza e alla tecnologia. Gesù Cristo non me lo immaginerei mai così, «in diretta» su Rai Uno.
In fondo la si potrebbe leggere come una mission evangelica.
Non definirei evangelica la missione di chi va in giro a convertire la gente. Preferirei lasciare ciascuno nelle sua fede. Ma poi utilizzare addirittura gli strumenti che usano i potenti della terra. Secondo me non capita nemmeno al Dalai Lama. Molti pontefici hanno viaggiato negli ultimi decenni. E lo hanno fatto sempre con spirito «missionario». Quello stesso spirito missionario che guidava le imprese dei Conquistadores.
Insomma, lei abolirebbe le «missioni» all’estero e nel caso specifico anche nello spazio.
I pontefici non viaggiano a piedi, viaggiano con l’Alitalia. E perché non a piedi? Perché, il papa chi è? E’ un sovrano terreno. E’ un potente. Come farebbe a parlare con gli astronauti, del resto, se fosse un povero evangelico?
Una settimana di passione. Anche per i palinsensti televisivi.
Sì, e in Italia tutto finisce per diventare un po’ stucchevole. Anche la settimana santa che nei telegiornali viene data come seconda o addirittura prima notizia. Ma chi può credere a una religione cosi avviluppata ai sistemi di potere?
Lei pensa a una trasmissione blindata?
La trasmissione è blindata e il papa è embedded.
Come Berlusconi quando va da Vespa?Paragone pesante e blasfemo.
Se Ratzinger usa gli stessi mezzi di Berlusconi viene colpito dallo stesso sospetto di menzogna.
I mezzi saranno gli stessi ma i fini no.
Da quando la gente partecipa poco agli scioperi? Da quando li annuncia la televisione. Se lo dice la televisione, basta. Fa parte della ritualità sociale.
Ma anche una diversa modalità di partecipazione.
Fino a che punto si può parlare di religione se non a tu per tu o in piccole comunità?
Siamo arrivati al papa nell’epoca della sua riproducibilità tecnica?
Il papa nell’epoca della sua riproducibilità tecnica e la Chiesa nell’epoca della comunicazione generalizzata. Ha ancora senso. Mc Luhan aveva detto che il mezzo è il messaggio, il mezzo condiziona molto profondamente il messaggio. Il papa che dà la benedizione urbi et orbi la messa in televisione la domenica non hanno lo stesso valore dell’adempiere a un precetto. Certo la benedizione è uno spettacolo ma non posso sentirmi benedetto dal papa perché manca qualsiasi senso di vicinanza.
Ama il tuo «prossimo»?
Amare il prossimo è amare il prossimo, se poi tu ami tutti praticamente non ami nessuno.
La sofferenza sarà il tema della trasmissione.
Quando il papa parla della sofferenza come valore è come se parlasse delle indulgenze, quelle che i papi del rinascimento mettevano in vendita. La sofferenza non è mai stata un merito per nessuno, al limite è una prova morale. E anche questo discorso sulla sofferenza è una pretesa di autorità. Perché di quel patrimonio di meriti soprannaturali – la sofferenza, appunto – noi non disponiamo, ne dispone il papa.

martedì 19 aprile 2011

Karol Wojtyla - Il grande oscurantista

Karol Wojtyla - Il grande oscurantista”: da martedì 19 aprile in edicola il numero speciale di MicroMega

A pochi giorni dalla beatificazione di papa Wojtyła, MicroMega esce martedì 19 aprile con un numero speciale che farà discutere. Dedicato proprio all’ex pontefice. Un volume con un titolo inequivocabile: “Karol Wojtyła, Il grande oscurantista”.

Verranno riproposti contributi già apparsi in passato su MicroMega, ad eccezione della testimonianza di dom Giovanni Franzoni di fronte alla Postulazione per la causa dei santi nel processo di beatificazione di Wojtyła e della riflessione di Hans Kung, il maggior teologo cattolico vivente, che ricorda le tante ombre di Giovanni Paolo II: dalla titubanza nell’intervenire sugli abusi sessuali al pieno sostegno ai Legionari di Cristo del ‘discusso’ Maciel passando per la crociata sul celibato ecclesiastico, la carenza di miracoli e l’inflazione di santificazioni dal grande valore mediatico. Una dettagliata cronologia ripercorre poi tutte le tappe del lunghissimo pontificato di Giovanni Paolo II.

Ma nel numero c’è spazio anche per tutte le opinioni sul pontefice nel più classico dialogo tra posizioni differenti. Come nella tavola rotonda “Rinascita cattolica o sfida oscurantista?” - tra Paolo Flores d’Arcais, Piero Coda, Emanuele Severino, Enzo Bianchi, Gianni Vattimo, Andrea Riccardi e Massimo Cacciari - e nella sezione dedicata all’enciclica “Fides et Ratio” dove si possono leggere i contributi di Fernando Savater, Leszek Kołakowski, Angelo Marchesi, Paolo Flores d’Arcais, Gianni Vattimo, Carlo Augusto Viano e Vincenzo Paglia.

E infine, l’ultima sezione del numero, è dedicata alla sua morte. Lina Pavanelli osserva come un’attenta analisi delle condizioni di salute di Giovanni Paolo II dimostra che non gli sono state praticate, nelle ultime settimane, alcune cure che avrebbero potuto tenerlo in vita ancora a lungo. Wojtyla, per l’autrice, le avrebbe rifiutate perché le considerava troppo gravose: lui diventerà santo, a Piergiorgio Welby sono stati rifiutati persino i funerali.

LEGGI IL SOMMARIO

E in particolare...

TAVOLA ROTONDA
Paolo Flores d’Arcais / Piero Coda / Emanuele Severino / Enzo Bianchi / Gianni Vattimo / Andrea Riccardi / Massimo Cacciari / Umberto Galimberti - Wojtyła il Grande: rinascita cattolica o sfida oscurantista?
Svoltasi pochi giorni dopo la morte di Giovanni Paolo II, in questa tavola rotonda filosofi, teologi, storici – credenti e non credenti – affrontano senza diplomazie gli aspetti cruciali e controversi di un papato che ha segnato un secolo e l’intera storia della Chiesa: il rapporto con la modernità, il dialogo interreligioso, l’impatto nella politica, la questione del ‘senso’.

Gianni Vattimo - Contro gli assolutismi di Fede e Ragione
Né con il papa né con Flores d’Arcais. Il filosofo del pensiero debole critica quelli che considera i due assolutismi simmetrici della Fede e della Ragione. In entrambi i casi, la conseguenza è la fine della libertà e della democrazia.